DEVANEIOS DE UMA PESSOA COMUM
sábado, 26 de dezembro de 2015
10/01/2004
Luvo Tuy fo, ak dtre vcyz a cxcvb clvlbovkd anzvbzfzvzvzfzrffbnxng
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Às vezes, não tenho nada para fazer. O tédio vem, começo inventar coisas inúteis como criar uma nova língua escrita, para preencher essa folha. Comecei a imaginar um monte de besteira.
Às vezes, não tenho nada para fazer. O tédio vem, começo inventar coisas inúteis como criar uma nova língua escrita, para preencher essa folha. Comecei a imaginar um monte de besteira.
Não vou apagar isso, porque quem sabe, um dia, pode me servir para alguma coisa. Os ecologistas falam que o lixo pode ser reciclado e, até, virar arte. Quem sabe essa expressão artística, pode se transformar em obra de arte da pós-moderna? Quem sabe os marcianos irão adorar essa coisa, que eu nem sei o que é?
Já vou colocá-lo no meu arquivo das minhas grandes idéias e histórias. Quem sabe, alguém irá ler e dirá; “Que coisa maravilhosa. É um tesouro da Literatura Contemporânea da Sociedade Ocidental, Capitalista Monopolista e Judaico Cristã”?
Às vezes me dá um rompante de gênio. Tenho uma idéia de uma história, corro ao computador. Fico receoso de até jogar fora meus rascunhos. Medo de que alguém roube minhas histórias. Isso é tão patético, aliás, assumo que sou o grande rei dos ptéticos.
Quero escrever tudo que vem na cabeça. Se não tem sentido, fazer o quê? Viver só para ser entendido é um saco. Não agüento a falta de imaginação de alguns indivíduos.
Termino por aqui. Estou muito cansado. O artista, como eu, pensa muito. Adeus a todos.
3/02/2004
Espero o ônibus. Sinto frio, apesar do dia ensolarado. Para onde estou indo? Não sei. Tenho que ir. Estou com sono; quero minha cama.
Por que estou escrevendo isso na minha agenda, em pé e na fila para pegar o ônibus?
Fui à faculdade conversar com a professora sobre a monografia de final de curso. Viajei uma hora e meia para conversar cinco minutos com ela.
Depois, peguei a barca e andei até chegar ao ponto das vans. É mais confortável pegá-las, deixam-me em frente à vila em que moro. Os guardas municipais estavam fiscalizando os veículos irregulares. A van em que estava foi confiscada. Todo mundo teve que saltar.
Caminhei ao ponto final do ônibus, que chegava mais perto da minha casa. Quando estava andando, vi uma livraria espaçosa e elegante. Adoro livrarias, mas nunca tinha visto uma tão charmosa.
Entrei, vi alguns livros. Fiquei admirado de como certos escritores conseguem escrever, emoldurando as palavras, transformando-as em esculturas perfeitas. Escolhem as palavras certas. Tornam atraente uma folha de papel cheia de letras impressas. Pois é, escrever todo mundo faz, porém ser o escritor é outra história.
O texto que produzem fica agradável de ler; a gente nem percebe o tempo passar. O sentimento de inveja surgiu em mim, queria escrever como os autores daqueles livros daquela livraria. Detesto sentir esse sentimento, me faz mal. Quero estar feliz com o sucesso do outro, porque isso significa que estou bem comigo.
Saí, continuei meu caminho. O dia estava frio, queria chegar logo em casa.
Espero o ônibus. Sinto frio, apesar do dia ensolarado. Para onde estou indo? Não sei. Tenho que ir. Estou com sono; quero minha cama.
Por que estou escrevendo isso na minha agenda, em pé e na fila para pegar o ônibus?
Fui à faculdade conversar com a professora sobre a monografia de final de curso. Viajei uma hora e meia para conversar cinco minutos com ela.
Depois, peguei a barca e andei até chegar ao ponto das vans. É mais confortável pegá-las, deixam-me em frente à vila em que moro. Os guardas municipais estavam fiscalizando os veículos irregulares. A van em que estava foi confiscada. Todo mundo teve que saltar.
Caminhei ao ponto final do ônibus, que chegava mais perto da minha casa. Quando estava andando, vi uma livraria espaçosa e elegante. Adoro livrarias, mas nunca tinha visto uma tão charmosa.
Entrei, vi alguns livros. Fiquei admirado de como certos escritores conseguem escrever, emoldurando as palavras, transformando-as em esculturas perfeitas. Escolhem as palavras certas. Tornam atraente uma folha de papel cheia de letras impressas. Pois é, escrever todo mundo faz, porém ser o escritor é outra história.
O texto que produzem fica agradável de ler; a gente nem percebe o tempo passar. O sentimento de inveja surgiu em mim, queria escrever como os autores daqueles livros daquela livraria. Detesto sentir esse sentimento, me faz mal. Quero estar feliz com o sucesso do outro, porque isso significa que estou bem comigo.
Saí, continuei meu caminho. O dia estava frio, queria chegar logo em casa.
7/02/2004
A apatia me consome.
Sinto falta de paixão e aventura. A preguiça corrói meu corpo e mente.
Por que sou assim
preguiçoso? E deixo a preguiça me dominar?
Desejava ser
diferente, mudar meu jeito de ser.
Sempre fui artificial.
Nunca me aprofundei em nada do que pretendia fazer.
Por isso, no meu
aniversário, adoro cantar parabéns para mim e comer muito bolo. Não tenho medo
do tempo, mas de mim. Ele é um rival honesto, enquanto eu sou falso comigo
mesmo. Quero me derrotar, vencer-me.
Um dia conseguirei e
andarei pelas ruas mais aliviado. Serei uma pessoa forte e realizada. Deixarei
a apatia e a preguiça de lado.
Mais um ano de vida, uma nova esperança que surge. Porém, até quando...
9/03/2004
Outro dia, li um conto de um menino de quinze anos num site na
Internet. Fiquei surpreso, como ele escreve bem. Eu, com sua idade, nem sonhava
em ter um texto tão elaborado. Fico desiludido. Mas, quero acreditar que cada
um tem o seu tempo. Uns começam cedo e outros tarde. O importante
mesmo é se encontrar. Tomara que algum dia me ache por aí.
11/03/2004
“Menino não brinca com boneca”. Eu brincava. Todos riam de mim e me acusavam, como se fosse criminoso. Enterravam meus ursinhos e bonecas, para que não brincasse mais. Desesperado, desenterrava todos eles.
Diziam que menino que brinca com boneca, é bichinha. Eu nem sabia o que era isso, naquela época. Isso era coisa de adulto.
Estava no maternal, dançava para os meus colegas. Todos riam de mim e me mandava rebolar. Eu fazia o que mandavam, contudo, percebi que estava fazendo papel de idiota da turma.
Nunca mais dancei.
Às vezes, estas recordações aparecem como flashs. Realmente as primeiras rejeições, preconceitos e humilhações acontecem na infância. A criança sofre tanto e não tem com se defender. Agora, sou adulto. Preciso acreditar que sou forte o bastante.
18/03/2004
Hoje está quente. Quase não dormi à noite.Não quero mais escrever. Fico sem fazer nada o dia inteiro. Um passarinho aparece no quintal. Está com o bico aberto, parece que está com sede. O cachorro deita no chão, todo arreganhado.Não venta. O céu está azul. Ainda estou de pijama verde e puído.
“Menino não brinca com boneca”. Eu brincava. Todos riam de mim e me acusavam, como se fosse criminoso. Enterravam meus ursinhos e bonecas, para que não brincasse mais. Desesperado, desenterrava todos eles.
Diziam que menino que brinca com boneca, é bichinha. Eu nem sabia o que era isso, naquela época. Isso era coisa de adulto.
Estava no maternal, dançava para os meus colegas. Todos riam de mim e me mandava rebolar. Eu fazia o que mandavam, contudo, percebi que estava fazendo papel de idiota da turma.
Nunca mais dancei.
Às vezes, estas recordações aparecem como flashs. Realmente as primeiras rejeições, preconceitos e humilhações acontecem na infância. A criança sofre tanto e não tem com se defender. Agora, sou adulto. Preciso acreditar que sou forte o bastante.
18/03/2004
Hoje está quente. Quase não dormi à noite.Não quero mais escrever. Fico sem fazer nada o dia inteiro. Um passarinho aparece no quintal. Está com o bico aberto, parece que está com sede. O cachorro deita no chão, todo arreganhado.Não venta. O céu está azul. Ainda estou de pijama verde e puído.
20/04/2004
Uma vez, encontrei um antigo conhecido. Ele esperava o ônibus para ir ao trabalho.
– Estou trabalhando na Barra. –. Disse-me todo orgulhoso. É um bairro considerado nobre aqui no Rio de Janeiro.
Quando fui bolsista num colégio particular da Barra da Tijuca, pensava que todos os alunos eram milionários. Mas, com o tempo, percebi que a realidade era outra. Os "ricos" eram pouquíssimos e a grande maioria não tinha um padrão tão acima do que o meu.
Havia até alunos que discriminavam os que moravam em condomínios mais populares lá do bairro mesmo. Também ouvi dizer que muitos moradores da Barra da Tijuca só comem ovo, arroz e salchicha; colocam os filhos na escola pública para economizar e a continuar a viver no bairro. Até sei de casos de jovens que traficam para não perder o status de viver num lugar bacana. Vivem num mundo de aparências.
Quando crescemos e começamos a observar com cuidado, as grandes verdades e os mitos são derrubados paulatinamente.
22/04/2004
...estava sentada na cadeira vermelha lá de casa. Era a boneca da minha sobrinha. Percebi que essa cena seria interessante, para tirar foto.
Ao ver o retrato, deu-me uma certa tristeza. O olhar da boneca era vazio. Triste, projetei-me na imagem deste ser inanimado.
Percebi que todos nós, seres humanos, somos um pouco bonecos. Ficamos num estado de não pensar.
Eu, muitas vezes, passo horas sem fazer nada sentado na mesma cadeira vermelha.
Uma vez, encontrei um antigo conhecido. Ele esperava o ônibus para ir ao trabalho.
– Estou trabalhando na Barra. –. Disse-me todo orgulhoso. É um bairro considerado nobre aqui no Rio de Janeiro.
Quando fui bolsista num colégio particular da Barra da Tijuca, pensava que todos os alunos eram milionários. Mas, com o tempo, percebi que a realidade era outra. Os "ricos" eram pouquíssimos e a grande maioria não tinha um padrão tão acima do que o meu.
Havia até alunos que discriminavam os que moravam em condomínios mais populares lá do bairro mesmo. Também ouvi dizer que muitos moradores da Barra da Tijuca só comem ovo, arroz e salchicha; colocam os filhos na escola pública para economizar e a continuar a viver no bairro. Até sei de casos de jovens que traficam para não perder o status de viver num lugar bacana. Vivem num mundo de aparências.
Quando crescemos e começamos a observar com cuidado, as grandes verdades e os mitos são derrubados paulatinamente.
22/04/2004
...estava sentada na cadeira vermelha lá de casa. Era a boneca da minha sobrinha. Percebi que essa cena seria interessante, para tirar foto.
Ao ver o retrato, deu-me uma certa tristeza. O olhar da boneca era vazio. Triste, projetei-me na imagem deste ser inanimado.
Percebi que todos nós, seres humanos, somos um pouco bonecos. Ficamos num estado de não pensar.
Eu, muitas vezes, passo horas sem fazer nada sentado na mesma cadeira vermelha.
27/04/2004
Há tempos, queria ser um escritor de novelas de sucesso. Tentei escrever uma, mas, não deu certo. Realmente, escrever uma telenovela, não é para tolos, pretensiosos e iniciantes. Tem que comer muito arroz e feijão. Frustrado, coloquei mais uma idéia na maldita pasta amarela toda empoeirada, na qual muitos papéis guardados estão amarelados e servindo de comida às traças:
Há tempos, queria ser um escritor de novelas de sucesso. Tentei escrever uma, mas, não deu certo. Realmente, escrever uma telenovela, não é para tolos, pretensiosos e iniciantes. Tem que comer muito arroz e feijão. Frustrado, coloquei mais uma idéia na maldita pasta amarela toda empoeirada, na qual muitos papéis guardados estão amarelados e servindo de comida às traças:
O ACASO DA VIDA
Francisco, mas o apelido era Xana
Cristina, de dia trabalhava numa repartição pública e à noite gostava de se
divertir com os amigos. Sua mãe sabia sobre sexualidade do filho e culpava
intimamente o pai, por abandoná-los sem nenhum remorso.
Porém, considerava-o um bom filho "apesar de tudo". Também tinha sua neta, origem de uma “escorregada” que o filho dera com uma amiga, que morreu por complicações de parto. A menina ficou com o pai e a avó desde recém-nascida. Viviam felizes e harmonicamente.
A filha de Francisco chamava-se Marta. Quando completou vinte anos, seu pai lhe deu de presente uma viagem. Foi aí que começou o drama da família.
Quando voltou da viagem, estava radiante. Ela era uma moça diferente das outras, bastante culta e madura para sua idade. Terminou a Faculdade de Letras cedo e já estava fazendo mestrado em Antropologia Visual. Gostava de se envolver emocionalmente com homens bem mais velhos. O pai dava apoio aos seus relacionamentos, eram confidentes íntimos(para o espanto da avó), falavam sobre seus respectivos casos amorosos e de homens. Marta confidenciou ao pai,secretamente, não gostava de falar sobre certas coisas perto da avó:
– Pai!! Encontrei um homem de verdade, tem sessenta anos, mas é muito atlético. É viúvo, fomos para muitos lugares interessantes.
– Que legal, ele é bonitão mesmo?
– Olha aqui, vi primeiro!!! Não vai querer disputar com sua própria filha!!! ( risos)
– Claro que não. Gosto de homens mais novos. Tem que ter cuidado é com a sua vó.
– Ah pai! Não fala assim, a vovó é tão legal. Aliás, ela nunca quis namorar depois que o vovô os abandonou?
– Filha, sua avó foi criada para amar um só homem. Ela ainda ama o canalha do seu avô. Meu amor, sua avó já sofreu muito, foi abandonada pelo homem amado e desprezada pela família por causa da minha opção sexual.
– Pai, vamos falar de alegria e não de abandono e do maldito preconceito. Preciso te dizer uma coisa, “pintou um clima” entre mim e o cara. Foi maravilhoso.
– Ai que inveja! Filha! Qual o nome desse maravilhoso homem maduro?
– Márcio.
– Márcio?!
– Pai! O quê foi? Tá bem?
– Nada. Filha, como ele é fisicamente?
– Pai estou cansada. Amanhã mandarei revelar as fotos e você fica sabendo quem é.
– Boa noite filha querida!!
– Boa noite pai!!
Ao entrar ao seu quarto, sentiu um arrepio: “como ela diz, ele tem sessenta; eu tenho quarenta e ela vinte um. Meu deus será possível. Ah! Isso é besteira minha, o mundo não pode ser tão pequeno”.
Passou alguns dias, Marta foi revelar as fotos. Francisco ficou apreensivo. O telefone tocou. Sua mãe atende. Era para a neta. Depois de desligar o telefone, ficou com uma cara de assustada e Francisco perguntou:
– Que foi mãe? Quem era?
– Era um tal de Márcio, ele tinha uma voz parecida com a do seu pai, sei que você não gosta de que se pronuncie sobre seu pai nessa casa, mas quando atendi, parecia que eu estava falando com ele. Só que a voz estava envelhecida. Me deu um calafrio na espinha.
– Mãe, não queria lhe falar, mas a Marta encontrou um homem bem maduro, bem maduro mesmo, com uns... sessenta anos chamado Márcio.
– Filho!!!! Você não pensou o que estou pensando nesse exato momento...
– Mãe calma, o mundo não é tão pequeno assim. Marta vai trazer as fotos que ela tirou com ele e vamos ver que é tudo fruto da imaginação de nossas cabeças ocas.
A porta se abriu, era a Marta. Estava radiante para mostrar as fotos ao pai, mas quando viu avó, deteve-se um pouco. Sabia que ela era um pouco conservadora e não iria entender que estava apaixonada pelo Márcio, que tinha a idade de ser seu avô.
– Minha filha, já contei para sua avó. O Márcio ligou e foi ela que atendeu. Agora, vamos ver as fotos.
Tudo foi muito rápido, os dois praticamente arrancaram a foto das mãos de Marta. Mãe e filho viram a imagem do homem, sentiram que o teto ia desabar sobre suas cabeças. A mãe começou a chorar sem parar e o filho ficou parado sem ação. Marta não entendia nada.
– O que foi, pessoal?!!!
A avó desequilibrada começou a desabafar, despejando para neta suas mágoas reprimidas:
– Por que, meu Deus? Não escutei meu pai,
quando disse que aquele canalha não prestava? Se eu soubesse na desgraça que
iria ser minha vida? Fui amaldiçoada, me apaixonei por um canalha, meu filho
escolheu um destino que não aceito muito. Agora, a minha neta se envolve
incestuosamente com o próprio avô! O quê os parentes irão dizer, já não sou
muito bem quista por eles!
Marta ficou atônita, perguntou para Francisco se isso era verdade ou delírio da avó? Ele ficou sem responder. Só respondeu: - Hoje é o último capítulo daquela novela mexicana “ A Saga de Kassandra Cristina”? A filha insistiu...
– Pai, fala alguma coisa!!!!
A avó correu e abraçou a neta e disse: -
Minha filha, nossa família é marcada pela desgraça. Mas, somos uma família
unida e vamos achar alguma solução. Você vai ver, o tempo é o melhor remédio.
Agora, vou preparar um lanche muito gostoso para gente e depois vamos ver com
seu pai aquela novela chata que ele adora “ A Saga de Kassandra Cristina”, a
atriz principal é muito feia. Tomara que seu pai não me escute falando isso,
ele a adora.
A neta ficou mais tranqüila e abraçou a avó e ambas choraram muito. Depois foram ao encontro de Francisco e o abraçaram. Ele ainda perplexo, perguntou para mãe:
A neta ficou mais tranqüila e abraçou a avó e ambas choraram muito. Depois foram ao encontro de Francisco e o abraçaram. Ele ainda perplexo, perguntou para mãe:
– Deus está nos castigando?
A mãe disse: - Filho, não se martirize.
– Escutei tá!!! A atriz é maravilhosa!!!
A mãe sorriu para ele e para a neta, eram únicos tesouros que possuía nesse mundo. Depois da novela, foram lanchar.
O tempo passou, Márcio (causador de todas as desgraças, como dizia sua mãe) ligava. Porém quem atendiam ou era Francisco ou avó: – Ela não que falar com você! –.Então, o senhor desistiu, sem saber o motivo. Porém, ficou triste porque aquela menina parecia ser aquela moça, a qual abandonara com seu filho pequeno para realizar seus desejos ambiciosos. “Como me arrependo disso”, pensava. “Mas, o que está feito tá feito.”.
Era um industrial riquíssimo, tinha filhos e netos. Não podia se meter em escândalos. Iria destruir sua reputação. Contudo, em alguns momentos, lembrava-se de certas coisas que o incomodavam.
Umas três vezes que ligou para casa da moça que conhecera na viagem, uma voz de senhora que o atendia friamente o lembrava da mulher que abandonou.
29/04/2004
Escrevi alguns contos, também. Até queria publicar um livro
intitulado: Contos de UM ASPIRANTE A ESCRITOR.
Porém, admito, que não são muito bons...
DELEGADO JOÃO
Era
considerado um bronco. Conduzia com mãos de ferro a delegacia, em que
trabalhou por muitos muitos anos. Os companheiros tinham medo de sua aparência
sempre suja ou suada.
Ninguém
poderia imaginar que o seu apartamento era desse jeito: as paredes da sala eram
pintadas de cor salmão e as do quarto, azul e com nuvens brancas no teto; na
sala os sofás tinham os estofados amarelos e sobre a mesinha de centro havia
três patinhos azuis e anjinhos; na sua poltrona predileta, ele adorava sentar
para tricotar, vendo o jogo de futebol na TV; para enfeitar a sala,
colocou quadros de paisagens pitorescas; nos pratos tinham desenhos de "florzinhas" e
nas suas xícaras de chá "vaquinhas" saltitantes. Ele
adorava usar um pijama amarelo e pantufas com formato de elefante.
Quando
morreu, para prender um terrível traficante, todos o consideraram um herói, o
exemplo para a corporação. Quando os colegas de trabalho entraram no
apartamento, descobriram que apesar de tantos anos de convivência, jamais
conheceram a personalidade complexa e singular do delegado João. Um homem forte
e rude, porém sensível e organizado.
Descobriram
também, que ele tinha escondido sob o travesseiro da cama, uma folha com um
poema de amor escrito por ele:
“Aquele beijo foi a espada,
a qual perfurou e estilhaçou
a armadura impermeável, que
envolvia meu coração.
Liberto e desprotegido
dessa armadura abstrata,
que era mais concreta que
uma muralha,
meu coração sentiu
a intensidade de
ser tocado por
um amor apaixonado e
verdadeiro.
Aonde andas Flávia Crista
Maria,
Minha AMADA IMORTAL!!!!”
Eduardo de Lemos Albuquerque Oliveira
Freire
Era considerado o modelo brasileiro mais lindo do
mundo. Tinha uma projeção internacional invejável, desfilou em quase todos os
países da Europa, Austrália e Estados Unidos. Também, possuía um romance com
uma modelo francesa bastante famosa. Enfim, sua vida era de luxo e fama.
Mas, com o
tempo sentia um vazio por dentro, não achava mais graça na vida que levava.
Começou a fazer uma viagem espiritual para procurar seu verdadeiro eu. Teve um
sonho que mostrou o caminho de sua felicidade.
Estava nu no cemitério,
cavava. Nesse momento uma moça chegou e disse: - O que adianta possuir fortuna e fama se a
pessoa não é feliz?
Eduardo ficou assustado com o sonho, porém começou a
ter a certeza que ele era um sinal. Desistiu da sua promissora carreira de
modelo e da namorada. Voltou para o Brasil para morar na cidadezinha onde
nasceu. No Rancho dos Milagres Cintilantes.
Quando chegou lá, decidiu
que a sua vocação era de ser o coveiro da sua cidade. Ele chegou em boa
hora, porque o cemitério estava muito mal tratado, devido à doença do antigo
coveiro. Eduardo provocou um reboliço na cidade. Jornalistas de todo o mundo
foram procurá-lo para saber o porquê da mudança repentina de sua vida. Mas, não
dava importância para eles. Queria cuidar do jardim do cemitério, arrumar
corretamente os túmulos e ler um pouco de filosofia. Ajeitou a casa do antigo
coveiro, deixando-a bastante confortável e, com a arrumação do cemitério, este ganhou o título de cemitério
modelo para todo o país. Eduardo sentiu-se realizado.
Ao decorrer do tempo, descobriu um túmulo que tinha a
foto daquela moça do sonho. Curioso, pesquisou. Descobriu que ela era filha de
um juiz muito rico e respeitado da cidade, chamava-se Joana. Bonita e
inteligente era muito popular na região. Arranjou um noivo que era considerado
o melhor partido. Era filho do fazendeiro mais rico da cidade, todas as moças
da cidade o desejavam. Porém, Joana não gostava dele, nutria um sentimento de
nojo por ele. Ela somente mantinha o compromisso de noivado, por
causa do pai, que era muito severo.
Na realidade sentia uma paixão fulminante pelo jovem
coveiro que acabara de chegar. O desejo foi tanto, que se encontravam de
madrugada ente os túmulos e faziam amor até ao amanhecer.
Porém, o pai
descobriu e a obrigou a casar com o filho do fazendeiro. Depois foi forçada a viajar para
bem longe na lua de mel. Ela não conseguiu resistir, as saudades do cheiro de
suor do seu amor. Suicido-se num quarto
de luxo em Londres em plena noite de núpcias. O jovem coveiro, descobrindo o fim trágico de Joana, matou o pai dela
e depois acabou com a sua própria vida. Eduardo ficou triste com essa história,
“mas ela demonstra o preconceito e a
ignorância dos homens”. Decidiu, por sua vez, que sua história teria um
final feliz.
Ele além de encontrar sua verdadeira profissão,
encontrou também sua alma gêmea. O seu nome era Jéssica Cristina, uma funqueira
popuzada que passava todo domingo em frente ao cemitério, para ir ao baile
Funke. Sentiu algo muito especial por ela, observou que a moça tinha uma beleza
e uma pureza interior estonteante. Então, decidiu conquistá-la a qualquer
custo.
Jéssica Cristina quando viu Eduardo, pela primeira
vez, concluiu que a sua vida mudaria para sempre. Desistiu do prestígio de ser
a moça mais popuzuda do baile funk, para se entregar nos braços do seu
verdadeiro amor. No início, familiares e amigos de Jéssica Cristina
ficaram perplexos com esse romance, porém, perceberam que graças a este romance
Jéssica ela descobriu seu verdadeiro eu.
As
últimas notícias do casal foram que Jéssica Cristina prestaria vestibular de
filosofia e que aos finais de semana os dois passeavam pelo cemitério,
recitando os poemas compostos pelo próprio Eduardo.
NO ESTÁGIO PURO DO DESEJO
Essa
história nunca foi revelada para ninguém. Juliana guardou-a para si. Ela era
uma moça pobre e com muito esforço, conseguiu terminar a faculdade com mérito.
Seu professor predileto arrumou-lhe uma bolsa, para fazer pós-graduação numa
das melhores faculdades da França. Estava muito feliz, iria realizar um sonho
antigo de conhecer Paris.
Ao
chegar lá, despertou interesse de um jovem professor francês, que ficou
admirado com a sua inteligência e cultura. No início, só era amizade, mas, com
o tempo, surgiu uma atração entre eles...
Tudo
ia bem, quando o jovem professor a convidou para tomar chá chinês e lhe
emprestar um livro, para certo trabalho que ela iria fazer. Foram ao seu
apartamento cheio de livros e quadros antigos. O rapaz serviu o chá e alguns
bolinhos. Juliana estava nervosa, sentia que aquele dia não iria acabar bem.
Passaram-se algumas horas, uma onda de desejo irresistível expandiu-se
naquele ambiente. De repente, o jovem professor francês a jogou em cima de uma
mesa cheia de livros; as xícaras de porcelana chinesa que eles estavam usando,
espatifaram no chão; manchando o tapete persa, que foi herança de família do
rapaz. Deitada em cima da mesa e dos livros, sentiu-se excitada.
Ele
pegou o livro que emprestou para Juliana e começou a percorrer por todo o corpo
da moça, que sentiu o conteúdo do livro penetrar em todos os poros de sua pele.
Sentiu um prazer, que nunca sentira antes... Fizeram sexo entre os livros e em
cima da mesa, estavam no estágio de puro prazer, onde não há obras de artes e
nem valores morais, só a vontade de saciar os instintos remotos e reprimidos de
seus corpos.
Horas depois. Juliana saiu envergonhada do apartamento. Começou a
nevar. Essa cena foi a mais marcante de que qualquer outra de cinema. Ela
correndo pela rua escura com seu casaco enorme, escondendo as marcas da paixão
no seu corpo. A neve caindo sobre seus longos cabelos. Na pressa, esqueceu-se
da touca no apartamento do jovem professor...
SÓ VIVEU
Ele não fez nada. Só viveu. Morreu. Tinha pouca gente no cemitério, só o
irmão e três primos. Escutei essa história em algum lugar. Quem me contou? Não
sei, mas essa história acontece em toda época e todo lugar.
20/04/2004
A tela do computador, cheia de frases e palavras desconexas; verdadeiro caos. Frustrado, começo a ficar com sono. Talvez amanhã, terei alguma idéia...
Quero falar um monte de assuntos. Quando começo a escrever um vem outros três. Fico perdido entre a diferença de tempo da minha cabeça veloz e das minhas mãos lentas. Há ocasiões que fico eufórico e triste ao mesmo tempo. Desejo fazer tantas coisas, mas parece que existe uma trava que não me deixa fazer nada.
Não há nenhuma mensagem na caixa de entrada do e-mail, só informes publicitários. Espero uma mensagem importante, mas não chega. Engraçado, como quero receber algo de alguém, se não conheço quase ninguém e nunca me correspondi com ninguém antes? Tenho certas atitudes, que nem mesmo eu entendo.
A tela do computador, cheia de frases e palavras desconexas; verdadeiro caos. Frustrado, começo a ficar com sono. Talvez amanhã, terei alguma idéia...
Quero falar um monte de assuntos. Quando começo a escrever um vem outros três. Fico perdido entre a diferença de tempo da minha cabeça veloz e das minhas mãos lentas. Há ocasiões que fico eufórico e triste ao mesmo tempo. Desejo fazer tantas coisas, mas parece que existe uma trava que não me deixa fazer nada.
Não há nenhuma mensagem na caixa de entrada do e-mail, só informes publicitários. Espero uma mensagem importante, mas não chega. Engraçado, como quero receber algo de alguém, se não conheço quase ninguém e nunca me correspondi com ninguém antes? Tenho certas atitudes, que nem mesmo eu entendo.
Envio compulsivamente alguns contos pela INTERNET. Fico ansioso que eles sejam publicados. Sou tão bobo. Agora, resolvi ter um blog. Coloco todas as minhas bobagens nele. Algumas pessoas comentam e até me elogiam. Será que a Sofi já leu? Não vou falar dela agora. Mais tarde...
15/05/2004
Gosto de brincar de ser filósofo de
botequim: Existo? O mundo é o que é ou uma coisa construída ideologicamente?
Será que quero conhecer realmente os EUA e a Europa ou o que almejo conhecer é
o ideal que construí sobre esses lugares?
Chega de besteira! Vou dormir.
6/06/2004
Muitas vezes colo vários fragmentos de coisas que já escrevi, para montar o texto final e que irá dizer tudo que penso e sinto. Corro o risco de sempre repetir temas e prejudicar a originalidade. Mas não estou na fase da qualidade, de esperar a inspiração vir para ter a idéia perfeita e sim da quantidade. Exercitar bastante, para aprender a desenvolver as idéias pela escrita:
Muitas vezes colo vários fragmentos de coisas que já escrevi, para montar o texto final e que irá dizer tudo que penso e sinto. Corro o risco de sempre repetir temas e prejudicar a originalidade. Mas não estou na fase da qualidade, de esperar a inspiração vir para ter a idéia perfeita e sim da quantidade. Exercitar bastante, para aprender a desenvolver as idéias pela escrita:
NUMA TARDE QUALQUER
Vi a porta da cozinha aberta, a qual dá para
o corredor do lado de fora da casa. Os raios solares entravam através do
basculante da cozinha, enquanto, na parede áspera e descascada do lado de fora,
a luz do sol batia diretamente. Há um contraste na iluminação da cozinha e na
parede do lado de fora. Estava na sala de jantar, sentado à mesa; daria um
lindo quadro.
Era engraçado que num passe de mágica,
certos momentos ditos sem relevância, de repente, podem ser percebidos.
Lembrei-me de quando estava fazendo o ensino médio, estudava num colégio ao
lado do terminal do ponto de ônibus, que ficava em frente a um viaduto. Quando
entrava no ônibus, percebia que no alto da parede do viaduto tinha uma planta.
Como aquela planta nasceu naquela rachadura? Talvez, o vento trouxe um pouco de
terra e os pássaros, a semente. No local impróprio, ela nasceu. Um milagre
simples da natureza.
Depois de muitos anos, voltei ao local e
não encontrei a planta mais lá. Estava fazendo um curso preparatório para um
concurso público qualquer. Sabe como é que é; vivo no país do desemprego e
instabilidade econômica crônica, todo mundo procura estabilidade num cargo
público.
Uma das coisas mais bonitas que considero
também é quando o vento movimenta as cortinas. Não sei por qual motivo. Só sei
que dá um lindo quadro, as cortinas sendo balançadas pelo vento. Às vezes,
penso que há alguém ou um fantasma, a espiar quem passa na rua. Quando chega o
verão, o calor está tão insuportável, que ao surgir uma brisa para refrescar,
acho que é um pequeno milagre.
Almejo fotografar ou pintar todos estes
momentos belos e os quais não percebemos na maioria das vezes. Mas, não sou
fotógrafo e muito menos pintor. Descrever? Dificílimo! Não sei se vou conseguir mostrar com
palavras a beleza destes momentos simples.
Técnica, preciso
disso. Preciso estudar, a única coisa que tenho, é a imaginação. Só isso, não
basta. A idéia precisa de um fio condutor, que é a técnica, para se materializar.
Sou vago e não prático.
Realmente, eu ainda não consegui fazer uma
roupa bem bonita para vestir minhas idéias. Elas ainda saem nuas. Falam-me, que
preciso descrever mais. Precisa desenvolver mais, para o texto ficar mais
atraente.” Tenho dificuldade em escrever; tirava nota baixa na redação da
escola.
Sempre desejei lidar com a palavra;
dominá-la. Mas a palavra cruel, não cede ao suplício de qualquer um.
Diz firme: "Leia, escreva, pensa e
sinta". Digo para ela sem esperanças: " não consigo". Ela me diz; " Vou embora, não perco
meu tempo com perdedores".
Não sei lidar com ela. É uma esfinge, que me devora. Absorve minha energia
vital.
Às vezes tenho vontade fugir. Quero voltar a
ser uma besta e viver no mundo selvagem que precede a palavra. Não desejo mais
pensar e buscar a palavra perfeita, que irá esclarecer o que quero dizer.
Não sou escritor, mas uma pessoa que
escreve. Considero-me um contador das minhas próprias histórias. Conto-as, como
se tivesse conversando com vocês. O meu texto lembra a fábula da Bela e a Fera.
Deve abstrair a estética para perceber a essência. Quem conseguir suportar
tanta feiúra e encontrar algo de belo no que escrevo, ficarei muito feliz.
Quando vejo na TV e leio no jornal, um escritor que escreve sobre
um evento importante, como o aniversário de São Paulo ou do Rio de Janeiro, fico
admirado. Ele consegue encontrar as
palavras certas, que emocionam e dão uma bela moldura no texto.
Não consigo fazer isso, as palavras me escapam.
Então, resumo o que penso: ...moro no
Rio de Janeiro desde que nasci, mas ao sair para algum lugar, principalmente a
zona sul, sente-me um estrangeiro. Parece que não me enquadro no imaginário do
Rio; praia, sol e muita curtição. Acho que não vale a pena, reduzir o Rio de
Janeiro a zona sul e a zona norte, é muito além disso.
Lanço a idéia nua no papel. Não a moldo,
para que se transforme numa jóia lapidada. Não tenho paciência, para escrever,
apagar, escrever, apagar... até chegar a arte final. Só quero passar minha
mensagem e pronto. Isto está relacionado com fato de começar o hábito da
leitura recentemente. Começo a gostar de ler, na marra. Sempre fui mais
acostumado, com as imagens já dadas pela TV e o cinema e não com palavras.
Uma vez uma professora me disse; “ Você
tem que encarar seu texto como uma coisa, que não lhe pertence. Depois, criticá-lo
como se fosse de outra pessoa”. Mas, não consigo. Penso, escrevo de imediato e
pronto. Reler? Imagina, deixo como está e parto para outra idéia.
Repito as palavras,
não procuro sinônimos. Algumas pessoas dizem: “essa palavra não está adequada
ou repetiu esse termo ou essa frase foi mal escrita”.
Quando passo no papel
minhas idéias, elas ficam truncadas. São colchas de retalhos. Talvez, o que estou pretendendo contar, está
partida em vários pedaços e não consigo juntá-las, para construir o todo da
história.
18/06/2004
Outro dia, sonhei que estava
observando o mar, mas não o de agora; mas o primitivo e denso que na época do
colégio, o professor de biologia, o comparava como uma sopa nutritiva e na qual
se originara os primeiros seres vivos do planeta.
21/06/2004
A minha vida é um papel cheio de rasuras. Não quero pensar mais nisto. É meio dia, vem
da cozinha um cheiro bom, começo a ficar com fome. O almoço de hoje é panqueca
de carne moída, que é um dos meus pratos prediletos.
Errar dói, envergonha e nos torna vulnerável ao outro. Porém, é
preciso.
28/06/2004
Em algumas ocasiões, o único barulho do
meu quarto é o ruído da ventilação do computador. A cor branca impera na tela
do monitor. Sinto-me esgotado de tanto pensar em algo, minha mente está
completamente oca.
01/07/2004
Minha alma é de eras bem remotas. Por isso, às vezes, só quero dormir...
Minha alma é de eras bem remotas. Por isso, às vezes, só quero dormir...
08/07/2004
Imagino imagens. Gostaria de saber desenhar, para colocá-las no papel:
Uma mulher de vestido vermelho e decotado, chora lágrimas de
sangue. Está observando um casamento na igreja. Aparece um cavalo negro, ela
monta nele e sai na estrada empoeirada. De repente o cavalo se transformou numa
imensa cobra alada. A mulher fica nua e com uma lança na mão, joga-a na igreja,
que é destruída. Depois, ela desaparece na imensidão do horizonte. Um senhor
sentado numa cadeira está no topo de uma chapada. Bebe chá, na xícara de
porcelana chinesa. Um falcão aparece, carregando uma torta alemã, do nada,
aparece uma mesa cheia de guloseimas. Ondas com rostos sorridentes e ao mesmo
tempo severos. Uma cidade, onde não existia a noção de tempo e de espaço
geográfico. Os carros, carruagens e espaçonaves dividiam o mesmo espaço nas
ruas; executivos andavam ao lado de nativos africanos, que faziam um ritual
religioso; uma mulher vestida ao estilo do século dezoito conversava
alegremente no celular e um casal, ao seu lado, estava deitado no asfalto se
amando, enquanto alguns macacos assistiam a eles; uma mulher lia um livro de
filosofia para um leão e um coelho.
10/07/2004
Todos nós temos segredos e precisamos guardá-los para viver.
Quem diz que não há nada para ocultar, dizendo: "Minha vida é um livro aberto". Está mentindo. Apenas, mostra algumas páginas, as quais são convenientes mostrar.
Todos nós temos segredos e precisamos guardá-los para viver.
Quem diz que não há nada para ocultar, dizendo: "Minha vida é um livro aberto". Está mentindo. Apenas, mostra algumas páginas, as quais são convenientes mostrar.
09/08/2004
Já faz tempo. Fui há uma
festa e encontrei um rapaz (mais um que tem um violão no braço, dizendo que é
cantor) cantava e tocava as músicas pela metade. Achava-se diferente das outras
pessoas, mas era mais um dos jovens aspirantes a músico e a cantor. Mas,
compunha algumas canções, que parecem ser um mosaico de outras músicas de
sucesso.
Sempre teve um caderno, onde havia
vários recortes de jornais e revistas de citações: “Buscar por seu sonho,
significa viver em plenitude”; “ meditar num lugar bonito, para se encontrar”;
“conhecer o seu verdadeiro eu interior”; “precisa viajar e conhecer pessoas
novas, para sempre se renovar”. Esse caderno era sua bíblia e o lia sempre.
Não era bonito, mas
sedutor. –Tenho alma de artista–. Sempre dizia. Todas as pessoas da festa
ficavam ao seu redor. Pediam para ele tocar e cantar.
Quando não sabia ou não lembrava da
letra da música, enrolava. Era mestre da arte de embromar. Arranhava um pouco
de inglês, espanhol e francês.
Depois de cantar, contava suas
histórias. Viajou por todo o Brasil e conheceu alguns países vizinhos. Diz que essa viagem o ajudou a se
encontrar. Alguns amigos próximos
falaram que ele voltou muito magro e doente dessa viagem. “Deve ter passado
muito perrengue” comentavam.
Ele é um pouco esnobe, mas simpaticíssimo.
Torço que encontre o caminho do sucesso. É mais um aventureiro errante, do que
propriamente um artista.
Sinto um pouco de inveja dele. Não tem a
vergonha de buscar seus sonhos. Queria mostrar minha alma nua também. Sem me
preocupar com as críticas pejorativas e deboches alheios.
11/08/2004
Cotidiano em três cores: sonhei
vermelho... acordei cinza... saí de casa azul... voltei cinza... esperei azul à
noite cair... sonhei vermelho novamente...
13/08/2004
Escrevo; Meu Deus, o
computador está fazendo um barulho estranho; toca uma música da Madona que
adoro, mas não sei o título, sou assim, não guardo nome de música; vários
pensamentos passam por minha cabeça; o dia está nublado e abafado, estava no
ônibus, queria preencher um formulário, mas não conseguia por causa das freadas
do ônibus; tenho que caminhar; vou fazer concurso público; está chegando o
final do ano, o tempo está passando rápido, lembro-me que quando criança, ele
parecia que passava devagar; continuo a escrever, estou esperando algo
acontecer; são 18:28; o barulho de novo no computador, tomara que não estrague
outra vez; de novo está tocando uma música que gosto, mas não sei o nome dela e
nem quem canta; quero arriscar, tudo ou nada, não quero mais me guardar,
prefiro me machucar, vou tentar, não agüento ficar mais na inércia, tenho que
aproveitar o restinho de juventude; em algumas ocasiões, sonho que saio da
minha janela e me transformo num dragão voador; medo, quero arriscar essa
palavra do meu dicionário; amanhã tenho que tirar xerox, ir para oficina de
conto que estou fazendo, levo duas horas para chegar lá; estou com um conto que
não me sai da cabeça, quero fazer uma paródia do livro O Retrato de Dorian
Gray, o meu conto será O Retrato de Dolores Gray, que narra a história de
Dolores, uma moça que nasceu com uma bunda escultural; um fotógrafo ficou tão
admirado com suas nádegas que pediu à moça que deixasse tirar uma foto; no
início, ela não quis, ficou com vergonha, mas a mãe incentivou: "Filha,
sua bunda é linda! Não desperdice o que deus lhe deu.", Dolores sempre
escutou mãe, foi um sucesso só, Dolores ficou tão admirada com sua bunda, que
desejou que ela nunca ficasse velha, o tempo passou e suas nádegas continuam
lindas, mas o retrato (que o fotógrafo deu especialmente para ela) a bunda era
outra, totalmente muxibenta , Dolores escondeu o retrato e... aí pensarei num
desfecho para essa paródia mais tarde, estou sem saco agora; são 19: 00, é
Horário de Brasília, acho um saco, não posso mais ouvir música; adoro desenhos
de mangá, tem um que não consigo esquecer: A Viagem de Chihiro; como serei
daqui à vinte anos; morte, nem penso nisso, abafa o caso; está escuro, vou
ligar a luz, voltei e desliguei o rádio; queria ler todos os textos dos sites
literários, mas não posso, se não, a conta de telefone vem alta; a INTERNET é
uma mar de possibilidades e de aprendizagem, porém, para mim, impossível
aproveitá-la totalmente; fico num conflito quase existencial, me perco no
emaranhado de links e sites ou economizo, para a conta não vim alta; ainda não
me acostumei a ler na tela do computador e não sei sé o meu monitor, mas as
letras das páginas digitais são, na maioria das vezes, muito pequenas, tenho
até dor de cabeça; hoje é tudo muito rápido, meu ritmo é mais lento; parece que
sempre estou em defasagem, não estou me subestimando, é meu jeito de ser;
imagino imagens em minha cabeça, gostaria de ser pintor para reproduzi-las; às
vezes, tudo está tão silencioso, que deitado na minha cama, só escuto as batidas
do meu coração, isso me deixa um pouco agoniado, o silêncio é pra poucos; chega
de escrever, se não, ninguém vai entender e nem eu mesmo; quero escrever o
agora, mas não consigo, quando acabo de pensar e ao colocar no papel, já foi;
erro muito escrevendo, por isso, apago o texto e escrevo de novo, fico um pouco
triste de errar tanto, porém, descobri que antes da perfeição há os defeitos;
ter uma opinião sobre tudo, não consigo; estou esperando...
17/08/2004
...estou esperando...
tomara que venha um dia...
21/08/2004
A professora da
faculdade me emprestou uma monografia, para eu ver como se escreve. Quando
comecei a ler, algo chamou a minha atenção: “construção do conceito de
infância”. Lembrei-me que sempre escutei na faculdade, que a nossa realidade é
construída por nós mesmos. Criança, mulher, biografia e a minha identidade não
passam de conceitos formados a partir de um grupo social. Fico inseguro; tudo
que conheço parece ser frágil e que diluirá no ar.
Queria tanto acreditar
nas verdades absolutas...
23/08/2004
Lembro-me que quando era mais novo, sentia
esperança de mudança, ao ver minha mãe chegar em casa com tudo novo: livros,
cadernos, lápis, canetas e borrachas .
Prometia intimamente estudar com mais
afinco, fazer amigos, curtir a vida como todo mundo e ter mais cuidado com o
material escolar, para não perder mais nada.
Porém, ao longo do ano, repetia os mesmos
erros. Minha alma preguiçosa e bestial dominava meu corpo, ganhando sempre a
batalha.
Não conseguia me disciplinar, para
organizar o meu tempo. Aí, o dia terminava num piscar de olhos.
Na escola, ficava doido para voltar para
casa. Só queria comer, dormir à tarde inteira e ficar no chuveiro horas; onde
secretamente pedia para água, que
levasse todos meus problemas e pensamentos ruins.
30/08/2004
Isso está uma merda. Vou apagar o arquivo e queimar os rascunhos
no terreno baldio. Momento clichê: O que estou fazendo mesmo? Quem sou eu?...
05/09/2004
... fui fazer um
exame.
Depois, fui esperar o resultado na sala de
espera. Tinha uma máquina de fazer café expresso, que nunca tinha visto antes e
como não sabia mexer nela, uma moça me ajudou. Primeiro tinha que colocar o
copo, onde saía água quente e depois num outro que tinha o pó. Quando comecei a
beber, quase fiquei num estado de êxtase. O café era delicioso. Como gostaria
de ter essa máquina de café expresso.
7/09/2004
Sonho acordado. Quero viver num mundo transparente, onde a verdade
é plena. Não há máscaras, todos vivem nus. Acho que já escrevi isso antes,
dana-se! Tive vontade de dizer de novo e ponto final.
08/09/2004
Febril... vejo-a
na tevê. Uma jovem pianista, que comenta um filme nacional: “ O diretor do
filme entende bastante de música”, diz confiante. Aí, a apresentadora confirma
a sua afirmativa categórica... Fico tão admirado ao ver jovens sensíveis e
intelectuais, que chego a sentir uma ponta de inveja... Fazem parte de uma
existência bastante diferente da minha e o que vejo ao redor. Jeito meigo de
falar parece uma menina; porém possui um conhecimento e sensibilidade, que
muito marmanjo( inclusive eu) não tem. Bela! Mas não quer só ser uma integrante
passiva do todo da natureza; quer criar melodias envolventes que penetra na
intimidade do outro e que o faz viajar aos lugares mais fantásticos...
09/09/2004
O pensamento é a única coisa que nos
estupra 24 horas por dia; ora conscientemente ora através de sonhos. De repente
me vi, não gostando mais de tirar foto. Até pouco tempo, não me importava e até
gostava. Mas agora o retrato me mostra algo, uma revelação, que no espelho
nunca havia percebido. Na fotografia que tirei por esses dias, vi a minha
imagem desgastada; o rosto estava triste, contrastando à fisionomia alegre e
jovial de outrora.
15/09/2004
Estou fazendo um curso, para aprender a técnica de escrever uma história. Estou gostando muito.
Quando estou indo, sinto euforia, mas quando volto para casa fico desanimado. Tenho o receio de me machucar. Não gosto de sofrer.
Distraio-me, observando pela janela do ônibus, a paisagem bela e ao mesmo tempo maltratada da Cidade do Rio de Janeiro.
No segundo dia de aula, a professora fez um exercício que tinha como finalidade, desbloquear a imaginação. Mandou a turma, formar um círculo. Pegou uma bola, disse que ao receber a bola, cada um deveria falar uma palavra, a primeira que viesse na cabeça. Ficamos jogando bola um para o outro. De repente, a professora ordenou que a gente parasse. Disse que era para escolher uma palavra( eu disse shopping) e escrever sobre ela, em cinco minutos;
“Fui ao shopping. Foi bom. Lembro-me de fragmentos da minha infância. Todo final de semana ia ao shopping, para ir ao cinema, comprar brinquedo e lanchar no Mec’Donald. Depois, fiquei na casa da minha tia e dormi a tarde inteira. A casa dela é tão silenciosa. Neste dia fez calor.”.
Depois, na mesma aula, explicou a diferença de crônica e conto; a primeira, o autor emite uma opinião sobre os acontecimentos do cotidiano e os fotografa. O segundo é uma história contada por alguém, tem começo meio e fim. Ao termino da explicação, mandou que a gente escrevesse em cinco minutos uma crônica e um conto, no mesmo tempo. O tema era violência.
Estou fazendo um curso, para aprender a técnica de escrever uma história. Estou gostando muito.
Quando estou indo, sinto euforia, mas quando volto para casa fico desanimado. Tenho o receio de me machucar. Não gosto de sofrer.
Distraio-me, observando pela janela do ônibus, a paisagem bela e ao mesmo tempo maltratada da Cidade do Rio de Janeiro.
No segundo dia de aula, a professora fez um exercício que tinha como finalidade, desbloquear a imaginação. Mandou a turma, formar um círculo. Pegou uma bola, disse que ao receber a bola, cada um deveria falar uma palavra, a primeira que viesse na cabeça. Ficamos jogando bola um para o outro. De repente, a professora ordenou que a gente parasse. Disse que era para escolher uma palavra( eu disse shopping) e escrever sobre ela, em cinco minutos;
“Fui ao shopping. Foi bom. Lembro-me de fragmentos da minha infância. Todo final de semana ia ao shopping, para ir ao cinema, comprar brinquedo e lanchar no Mec’Donald. Depois, fiquei na casa da minha tia e dormi a tarde inteira. A casa dela é tão silenciosa. Neste dia fez calor.”.
Depois, na mesma aula, explicou a diferença de crônica e conto; a primeira, o autor emite uma opinião sobre os acontecimentos do cotidiano e os fotografa. O segundo é uma história contada por alguém, tem começo meio e fim. Ao termino da explicação, mandou que a gente escrevesse em cinco minutos uma crônica e um conto, no mesmo tempo. O tema era violência.
A crônica: “ A violência não se origina só nos problemas sociais. Está relacionada, também, com a índole das pessoas.
Sempre ouvi falar e já conheci pessoas de origem humilde, que são pessoas de bem, estudam e trabalham. Enquanto, jovens que têm boas condições sociais, são marginais. Possuem o prazer de provocar dor. São verdadeiros sociopatas e psicopatas.”
O conto: “ Ela estava andando, tinha medo. “Um raio não cai duas vezes, no mesmo lugar”. Ouve passos atrás dela, parece ser um homem muito forte. Começa a ter medo e corre. “Não vai acontecer de novo”, pensou. Chegou em casa, toma banho e se deita. Não sabe o porquê de tanto medo. Sonha com o padrasto, ele está acariciando sua boneca. De repente, se lembra da violência que sofreu quando criança. Ela nunca foi atacada na rua, mas dentro de sua própria casa, onde deveria ser seu refúgio.”
17/09/2004
Vi, uma vez, um par de sandálias vermelhas
masculinas na vitrine de uma loja, no centro da cidade. A cor densa e latente destas
sandálias hipnotizou-me. Mas, não tinha dinheiro para comprá-las, eram muito
caras. Senti um pouco de vergonha, sempre me considerei uma pessoa não muito
consumista.
Não sei
se foi delírio, mas elas me diziam algo: “Comprem-nas. Levaremos você aos
lugares que deseja; cidades antigas, museus famosos e cafés, onde vendem tortas
deliciosas e capputinos saborosos”.
Fiquei vinte minutos observando-as; o vendedor percebeu e
perguntou se queria alguma coisa. Respondi que estava sem dinheiro e fui
embora. Nunca mais vi essas enigmáticas sandálias.
O vermelho sempre me perseguiu. Outra
ocasião estava no mercado, quando a vi. Era uma grande maça escarlate. Minha
boca ficou cheia d’água. Comprei-a e fui logo para casa. Quando cheguei, dei a
primeira mordida. Senti alguma coisa gosmenta, cuspi; a fruta estava cheia de
bicho. Joguei-a fora. Ela era a mais bonita de todas as maçãs no mercado; porém
por dentro, era podre. Fiquei com medo de repente. Até as coisas belas se
decompõem.
Dormi. Acordei. Vi a mesma maçã vermelha na
mesa, mas não tinha jogado fora? Peguei-a de novo, cortei-a em pedaços com a
faca e a joguei no lixo.
Fui comprar pão, quando voltei, lá estava
ela de novo. Maldita! Uma voz sussurrante começa a falar comigo; diz que
almejava ser pintada. Como sabe que sou pintor? Por que está aqui; pensava
atordoado. “ Pinte-me, quero que minha imagem seja eterna. Estou cansada...”.
Resolvi realizar seu desejo. O quadro ficou belo, nunca tinha feito uma obra de
arte tão magnífica antes. Quando terminei e olhei para a mesa, a maçã não
estava mais lá; só uma pasta preta, cheia de vermes. Finalmente ela descansou.
Coincidência ou não, tinha acabado de ler O
RETRATO DE DORIAN GRAY, Oscar Wide.
19/09/2005
Projetos na cabeça, sonhos que vão e voltam. O tempo passa e nada se
concretiza.
Medo do futuro.
20/09/2004
São 16:20, o dia está quente. Ainda está muito cedo e o céu claro,
mas vejo a lua cheia. É interessante ver o sol e a lua ao mesmo tempo no céu.
O vento está secando o suor do meu rosto. Isso é clichê, mas sou o Rei dos clichês.
Será que a água está fria? Antes que me esqueça, estou na barca. Vou para Niterói, conversar com a professora outra vez sobre a minha monografia(como é chato escrevê-la).
Não dou para ser um cientista social e intelectual.
A Barca já está chegando. O centro de Niterói parece ser um bom lugar para morar. Olho os apartamentos, imagino-me morando neles. Acabei de ler no ônibus, um conto em que um personagem dizia: – escrever é torturante –. Concordo com ele plenamente.
Já estou praticamente em Niterói. As pessoas começam a se levantar das cadeiras. Estão apressadas, eu também.
O vento está secando o suor do meu rosto. Isso é clichê, mas sou o Rei dos clichês.
Será que a água está fria? Antes que me esqueça, estou na barca. Vou para Niterói, conversar com a professora outra vez sobre a minha monografia(como é chato escrevê-la).
Não dou para ser um cientista social e intelectual.
A Barca já está chegando. O centro de Niterói parece ser um bom lugar para morar. Olho os apartamentos, imagino-me morando neles. Acabei de ler no ônibus, um conto em que um personagem dizia: – escrever é torturante –. Concordo com ele plenamente.
Já estou praticamente em Niterói. As pessoas começam a se levantar das cadeiras. Estão apressadas, eu também.
21/09/2004
Estou com vontade de chorar...
23/09/2004
DOIS EM UM
Sei que é errado sublinhar ou escrever num livro. Mas, ao ler um, que
está todo marcado a lápis e escrito ao lado: importante!!, começo a me
perguntar, o quê levou uma certa pessoa
a destacar certos trechos do texto?
Além do conteúdo do livro, há uma
interpretação de outro indivíduo; que sublinha e que faz lembretes, nos trechos
que considera importantes. Leio as partes grifadas e contraponho com as que
acho relevantes. Pegar ou comprar um livro assim, é como levar dois livros em
um: o autor narra e o segundo, interpreta
a sua maneira, tentando estruturar o pensamento de escritor. Tento
articular o meu ponto de vista, com o que estar sublinhado e com o que o
escritor argumentou.
E quando há poemas e dedicatórias? Sem
querer, entramos em contato com a vida do outro. Ficamos sabendo de confissões, amores e desabafos. Começo a imaginar como foi a vida do primeiro
dono daquele livro, porque ele escreveu certa coisa, porque desenhou um
coração, que no meio dele estava os nomes Valdinho e Soninha ou grifou um frase do livro e ao lado
escreveu: é assim que muitas vezes, eu me sinto.
Acho que sou um pouco vouyer. Gosto de
observar a vida alheia. É como espreitar às janelas, olhar pelo buraco da
fechadura e ler cartas de outras pessoas.
25/09/2004
, sou preguiçoso demais para dissimular,
2/12/2004
Desejos e sonhos antigos fluíram e diluíram com o tempo. Agora, estão submersos em algum lugar.
4/12/2004
Estou cansado de tanta mediocridade, que
corrompe meu espírito. Sempre quero fazer o satisfatório, nunca o excepcional.
Na escola, no trabalho e na faculdade.
Terminei minha monografia. Não aproveitei o
tempo da faculdade, talvez, se eu tivesse a cabeça que tenho hoje, estaria mais
realizado.
Mas, como diz uma música do Cazuza “ O
tempo não para”.
5/10/2005
Mais um domingo.
Estou sem inspiração para escrever e de pensar. Está uma tarde agradável.
O menino corre na calçada. Um senhor
anda na frente e o seu cachorro velho, atrás dele. A menina chora no colo do
pai e ele lhe dá uma bronca. A rua está deserta, de vez em quando, passa um
carro e um ônibus.
Sinto um cheiro de churrasco e escuto um
som de pagode. No almoça comi macarrão, não quero comê-lo de novo. Vou à padaria e comprar um pão bem gostoso.
Domingo, não tem só cheiro churrasco,
mas sim de sangue, de morte e de medo. Sempre aparece na TV, notícias de
assaltos e ônibus incendiados, por traficantes.
Fui com minha mãe, ao cemitério do Caju,
num dia de domingo. Era o enterro de uma tia da minha mãe. A Avenida Brasil
está muito perigosa.
As pessoas nem têm
mais medo dos mortos do cemitério, sentem pavor dos vivos. São eles que
violentam e matam.
Quando ia para o
banheiro público, tinha medo de ser espancado por um grupo de homens. Sempre tive essa paranóia, ser espancado e
depois me obrigarem a beber a água suja do vaso sanitário. Evitava ao máximo os
banheiros públicos.
Pensava que as
pessoas estavam muito violentas, tinha pavor de ser agredido. Ser assaltado é chato, mas ser agredido que é
pior ainda.
Um dia não agüentando mais à
vontade mijar, entrei num banheiro público. Não fui ao mictório, mas ao vaso
sanitário. Sentia-me mais protegido.
Porém, o vaso estava sujo de cocô e fui obrigado a mijar em cima das
fezes. Odeio mijar em cima das fezes, mas não tinha jeito.
Quando já estava lavando as
mãos, percebi que um outro homem me
observava.
Sai do banheiro com
pressa e fui correndo pela rua.
Sempre olhava para
trás, via o homem do banheiro. Comecei a correr sem parar, atravessei o sinal
aberto e fui atropelado. Graças a deus, sobrevivi e consegui me restabelecer
bem.
Depois de algum
tempo, pensando sobre o acidente, comecei a ter uma dúvida: será que aquele
homem existiu realmente?
6/10/2005
O pior
esquecimento é quando a gente se larga.
Perde-se na imensidão da vida.
Deixa-se esquecer no cotidiano.
Perde-se na imensidão da vida.
Deixa-se esquecer no cotidiano.
8/10/2005
Vejo duas moscas voando. Estão
cruzando. Surpreendo-me ao ver essa cena. Nunca percebi esse fato, talvez o
considerasse insignificante até então.
Vou ao quarto dos meus pais. Olho pela
janela, uma pipa enroscada numa antena de TV. O vento balança a rabiola.
Imagino que essa imagem representa um sonho infantil perdido no tempo.
Remexo nas coisas da minha mãe. Vejo
uma foto antiga minha quando era criança. Estou na minha primeira bicicleta.
Eu a vi por diversas vezes, mas, nunca tinha percebido, uma mulher atrás de mim.
Estava sentada no banco da praça, não a conhecia. Ela saiu na foto sem querer,
nem estava fazendo pose e sim distraída. Era muito bonita e seu rosto
misterioso.
Fiquei curioso de saber quem era.
10/10/2005
DESEJO TUDO!!!
Apesar de ser adulto e
com barba na cara, quero a fantasia infantil. Transformar-me num cavalo alado,
para voar pelo mundo ou ser um aprendiz de mágico errante, que curti aventuras
interessantes.
Desejo ser um poeta filósofo. Conhecer todos os mistérios do
universo.
Almejo encontrar a fonte, onde a imaginação se origina.
Ser um príncipe heróico, que vence monstros; para salvar a
princesa e viver feliz para sempre com ela.
Tenho fome de fantasia; sou uma besta que necessita caçá-la
ferozmente.
Gostaria de deixar de ser humano e virar um sonho ideal. Passear
pelas colinas dos vales encantados, com as ninfas e os duendes. Achar um
refúgio que seria meu paraíso, repleto de tesouros e magias.
Baseio-me nas diversas histórias infantis
e desenhos animados que passam na televisão e no cinema. Não me importo com
isso.
Todos nós queremos ser especiais,
vangloriados e amados como herói. No mundo real, tudo é mais complexo e
caótico. Dragon ball z é um desenho animado japonês; como gostaria de ser a
personagem principal desse mangá: Goku, o guerreiro forte, poderoso, amigo de
todos e que sempre vence os vilões.
Sou dono de mim mesmo,
tenho que acreditar nisso. Meu corpo e minha mente são as minhas únicas
riquezas.
Gostaria de estar eternamente no estágio
do profundo gozo. Quero me encontrar na imensidão dos meus pensamentos.
Desejo tudo!
13/10/2005
Escuto música no
rádio, mas o vizinho tem um rádio amador e me atrapalha a escutar. Graças a
Deus, que ele começou a enjoar do rádio amador. Porém há alguns dias que ele
persiste com essa merda.
15/10/2005
Encontrei uma folha amassada no chão. Não sei por qual motivo, peguei-a e comecei a ler: “Agonia de encontrar o caminho das pedras. Esperança delirante, que deturpa a realidade. Não quer ser acordado, por isso, sente um ódio dilacerante por aquela pessoa. Faz-lhe voltar à realidade; os seus olhos enormes lhe mostram, o que não quer ver. Não gosta de sentir raiva dela, ama-a. Foi a pessoa que lhe deu a luz. Não tem religião, reza para um Deus qualquer, para que o ilumine. Está amanhecendo, dorme encolhido; tenta esquecer que está vivo. Deus, por favor, ajude-o”.
Depois que terminei de ler, coloquei a folha amassada no meu bolso.
04/11/2005
“ Você
não percebe que o novo sempre vem”. Essa frase da música do
Belquior faz refletir que todos nós, mesmo os revolucionários, nos apegamos ao
passado.
O clima da faculdade é de greve. Todos pensam que
são revolucionários e lutam por um mundo melhor. Queria ser assim, utópico. Não
consigo. Sou apenas um frito, que reproduz
os valores sociais, desta Sociedade
Capitalista de Consumo. Não quero fazer a revolução, quero o sossego de um
lugar paradisíaco. O socialismo acabou. Tanto as ditaduras da esquerda e da
direita cometeram abusos de poder e violação dos direitos humanos. Começo a
ficar descrente de tudo. Não quero isso, quero acreditar... Saco!! Estou sempre
repetindo o que os outros falam. Não faço a diferença.
01/12/2005
Há olhares, que parecem que vão perfurar nossas cabeças e desvendar
nossos pensamentos e segredos. Detesto, quando alguém me olha deste jeito. Sinto-me
agredido.
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